sábado, 22 de novembro de 2008

SABADO 22-11-2008 Lição 08 - A Bíblia é a Palavra de Deus COMENTÁRIO CPAD

Leitura Bíblica em Classe
Salmos 119.1-12



Introdução

I. A Transmissão da Bíblia

II. Composição dos livros da Bíblia

III. Inspiração e revelação da Bíblia

Conclusão

Título deste Subsídio: O Cânon e a Inspiração da Bíblia

Autor: Esdras Bentho (autor dos livros Hermenêutica Fácil e Descomplicad e a Família no Antigo Testamento – www.teologiaegraca.blogspot.com).





O CÂNON DO ANTIGO TESTAMENTO
Introdução

Cedo, na sua história, a Igreja teve que se definir a respeito das Escrituras. Como a Bíblia veio a ser composta de 66 livros? Por que algumas Bíblias possuem mais de 66 livros? Por que a estrutura da Escritura Judaica diverge da cristã? Esse assunto intitula-se “Critérios de Canonicidade” e é sobre esse tema que estudaremos.

Definição de Cânon

Etimologia

A palavra “cânon” deriva do grego “kanõn”[1] que, por sua vez, origina do hebraico “qãneh”[2], termo das Escrituras veterotestamentárias que significa “vara ou cana de medir” (Ez 40.3). O junco ou a cana era usado como instrumento para medir; por isso, “kanõn” passou a significar “regra ou padrão” (Gl 6.16; Fp 3.16; 2 Co 10.13-16).

O uso de cânon representando o conceito de padrão já era conhecido antes mesmo da era cristã. Os clássicos gregos usavam o termo no sentido de regra, norma ou padrão. Aristóteles chama o homem bom de kanon da verdade. Os clássicos eram chamados kanones ou modelos de excelência[3].

Evolução do Conceito “Cânon”

No ano de 350 a.D., o termo foi aplicado por Atanásio à Bíblia, referindo-se aos livros que a igreja reconhecia oficialmente como padrão e conduta de fé. O Concílio de Laodicéia em 363 a.D. usou o vocábulo no mesmo sentido em que foi empregado por Atanásio: “Nenhum salmo de autoria privada pode ser lido nas Igrejas, nem livros não canônicos do Antigo ou Novo Testamento”.

Significado do Cânon para a Igreja

Por meio da declaração do Concílio de Laodicéia, o Cânon passou a designar a coleção de livros aprovados pelo uso regular no culto público e no ensino da igreja (Canônica). Portanto, do ponto de vista cristão, o Cânon contém os escritos dados à Igreja pela operação de Deus - a Sua palavra, Seu Evangelho, Seu apelo, Suas promessas. Toda esta revelação é Cristocêntrica. Nela a Igreja encontra a base de sua fé, seu culto, suas doutrinas e sua vida.

Canônica e Canonização

Chama-se “Canônica” o estudo da fixação histórica do Cânon Sagrado. “Canonização” significa “ser oficialmente reconhecido como guia ou regra de fé autorizada em matéria de fé ou de prática”.

Origem e Desenvolvimento do Cânon

[1] No grego kanw,n

[2] No hebraico qãneh, junco, haste.

[3] Cf. B.P.BITTENCOURT, O Novo Testamento – metodologia da pesquisa textual, 1993,p.23




Em nossa obra Hermenêutica Fácil e Descomplicada (CPAD), explicamos que o processo da origem e desenvolvimento do Cânon envolve três aspectos:

a) Revelação: Revelação é a manifestação que Deus faz de Si mesmo e de Sua vontade aos homens. Essa revelação, de acordo com a origem e desenvolvimento do Cânon Sagrado, é a comunicação sobrenatural desconhecida do hagiógrafo[1]. Por meio da revelação, verdades anteriormente ignoradas pelo hagiógrafo foram reveladas, como por exemplo: Zacarias 12.10, Miquéias 5.2 e Isaías 50.4-10. Certamente os autores sagrados não adquiriram essas notícias por estudo ou por vias meramente humanas.

b) Inspiração: O sentido teológico de “inspiração divina” é derivado da expressão paulina de 2 Timóteo 3.16. A expressão “divinamente inspirada”, no grego “theopneustos”[2] é formada por dois vocábulos “theos” (Deus) e “pneustos” (inspiração, influxo). A Vulgata traduz por “divinitus inspirata”. Isto posto, 2 Timóteo 3.16 quer dizer que as Escrituras são produtos do sopro criador de Deus. Por meio da Inspiração Divina, o conteúdo das Sagradas Escrituras não é proveniente da sabedoria e aferimento humano, não sendo produto pessoal da mente do escritor (2 Pe 1.19-21). Paulo reconhece seus escritos como inspirados por Deus quando assevera: “... não em palavras ensinadas pela sabedoria humana, mas com palavras ensinadas pelo Espírito Santo [didakitois pneumatos]” (1 Co 2.13; cf 1 Co 14.34; Gl 1.6-12). Dessa forma, inspiração é a influência sobrenatural exercida pelo Espírito Santo sobre os hagiógrafos, em virtude da qual seus escritos conseguem veracidade divina, e constituem suficiente e infalível regra de fé e prática.

Diferença entre Inspiração e Revelação

A inspiração distingue-se da revelação no sentido restrito de imediata comunicação. Os textos de Zacarias 12.10, Miquéias 5.2 e Isaías 50.4-10, foram redigidos sob a influência de dois dons sobrenaturais:

a)- O da Inspiração Bíblica, visto que deviam fazer parte das Escrituras;

b)- O da Revelação, pois certamente os autores sagrados não conheciam estas informações. A Inspiração garante infalibilidade ao ensino exposto pelas Escrituras, enquanto a Revelação acrescenta o tesouro de conhecimento. Ambos, porém, são modos de revelação de Deus em sentido amplo, isto é, maneiras pelas quais Deus fez conhecer ao homem a Sua vontade, obras e propósitos.



A Abrangência da Inspiração

Em nossa obra Hermenêutica Fácil e Descomplicada (CPAD), página 43, explicamos que a inspiração abrange:

a) Todo o Antigo Testamento: (2 Tm 3.16; 2 Pe 1.19-21; Lc 11.51; 12.3,39-41). É significativo o argumento de Cristo em Lucas 11.51. Ao citar “de Abel até o sangue de Zacarias”, Jesus está referindo-se ao Cânon Judaico da “Tanach”. “Abel” encontra-se no livro de Bereshith (Gênesis) que é o primeiro livro da primeira divisão conhecida como Torá ou Lei; “até Zacarias”, encontra-se no livro de Drive Hayamim (1 e 2 Crônicas) e corresponde ao último livro da terceira divisão da “Tanach”, conhecida como “Kethuvim” ou Escritos. Em Lucas 24.44 e 45, Cristo refere-se à tríplice divisão da “Tanach”, referindo-se à Lei de Moisés (Torá-1ª divisão), Profetas (2ª divisão) e Salmos (o primeiro livro da 3ª terceira divisão). Assim, Cristo confirma toda a Inspiração Bíblica do Antigo Testamento.

b) Todo o Novo Testamento

No próprio texto dos livros do Novo Testamento há numerosos indícios de sua autoridade divina. Como já foi observado, o Apóstolo Paulo estava cônscio de que:

a) Seus ensinos procediam do Espírito Santo (1 Co 2.13);

b) Sua vocação ao apostolado era por iniciativa divina (Rm 1.1-3).



[1] Procede de dois termos gregos a]gioj (hagios), santo, puro ou separado e gra,fw (grapho) escrever, registrar. Literalmente escritor sagrado. Os judeus helenistas chamavam os seus escritos sagrados de avgio,grafoi (hagiografoi).




[2] No grego qeo,pneustoj formado por dois vocábulos gregos qeo,j (Theós), Deus, e pneusto,j (pneustos), influxo, inspiração.



Por isso, o que escrevia era mandamento divino (1 Co 14.37) e, quando escrevia ou falava, estava credenciado por Deus, tendo recebido por revelação (Gl 1.12; Ef 3.2,3 cf 1 Ts 2.13; 1 Tm 4.11,13; Cl 4.16). Pedro equipara os escritos paulinos às Escrituras Veterotestamentárias (2 Pe 3.15,16). O apóstolo João descreve que recebeu de Deus as Revelações de Jesus Cristo, e admoesta à reverência e aceitação ao seu escrito (Ap 1.1-3). As mesmas evidências podem ser encontradas nos Evangelhos e nos Atos dos Apóstolos (Mt 1.22; 2.15,17; Mc 1.2; Lc 1.1-2; Jo 20.31; At 1.1). O Novo Testamento reivindica a autoridade inspirativa e revelativa (Hermenêutica Fácil e Descompligada, p.47).

Pressuposto da Inspiração

A Inspiração Bíblica pressupõe:

a) Inerrância: Por inerrância das Escrituras entende-se a propriedade da Bíblia, pela qual ela é de fato e de direito, imune de erro nas suas afirmações autênticas, qualquer que seja o objeto destas. Está excluída das Escrituras Sagradas a própria possibilidade de erro, porque é impossível que Deus (autor principal das Escrituras) erre. Entende-se por erro, aqui, não o lapso material, fruto da imperícia do hagiógrafo ou dos diversos MSS, e sim o erro lógico, doutrinário. Participam dessa inerrância:

1º As afirmações autênticas do hagiógrafo: São as contidas no autógrafo, que só ele é diretamente inspirado: cópias e traduções participam dessa inerrância na proporção de sua conformidade com o original. A inerrância cabe somente às afirmações do hagiógrafo enquanto tal, ou ao menos por ele aprovada e entendida no sentido intencionado pelo autor;

2º Qualquer que seja seu objeto: Não só de fé e moral, mas também histórico, científico, etc... Há duas observações quanto a essas afirmações:

a) Deve-se distinguir entre doutrina divina inerrante contida nas Escrituras, e interpretação falível que os homens podem dar ao texto;

b) As asserções de que as Escrituras são, em todo sentido, infalivelmente inspiradas, referem-se somente aos autógrafos, e não no mesmo sentido aos manuscritos que hoje possuímos, as atuais edições e traduções da Bíblia. Se estiverem coerentemente corretos com os autógrafos originais possuem o mesmo “Imprimatur” divino, mas se as disparidades afetarem o conteúdo e a doutrina, não participam da mesma inspiração[1].

Canonização

É o reconhecimento dos escritos que contêm a divina revelação e que são divinamente inspirados. A igreja não criou o Cânon, apenas o recebeu, reconhecendo a autoridade que ele possui em si mesmo, como já foi observado na inspiração. A função da Igreja, a respeito do Cânon, foi a de reconhecer e não escolher.

Estágios no Processo de Canonização do antigo testamento

A formação do cânon das Escrituras Veterotestamentárias foi gradual, enquanto que o Novo Testamento foi formado praticamente no período de duas gerações. O Antigo Testamento exigiu cerca de 2.000 anos. Apesar do Antigo Testamento não nos informar sobre o processo da canonização de seus livros, perfila de como foram preservados (Êx 24.3-8; 25.16; 40.20). Preservação, porém, não é canonização. Todavia, as duas idéias estão intimamente relacionadas. O extremo cuidado em preservar testifica do extremo valor dessas obras (Dt 31.26; 10.2; Js 24.25,26).

Há três estágios definidos no processo da canonização do Antigo Testamento.

A Proclamação e Formação Oral do Conteúdo dos Livros do Antigo Testamento (Jó 1.18)

Nisto a história da literatura hebraica é perfeitamente igual à de qualquer outro povo, começando sempre sob a forma de tradição oral.

Exemplos:

a) - História sobre a origem do mundo;

b) - Os anais dos reis;

c) - Os feitos dos heróis;

d) - As liturgias religiosas e os cantos sagrados, etc...

Todos esses aspectos culturais foram transmitidos oralmente de geração a geração, muito antes de serem postos em forma escrita (escritura).

Não é necessário frisar que as revelações ativas de Deus foram transmitidas verbalmente antes de tomarem o formato que hoje conhecemos, e também, com a máxima probabilidade, fizeram-se registros escritos de muitos fatos (Gn 26.5).

Redação e Compilação dessa Revelação na Forma Presente

Em nossa obra Hermenêutica Fácil e Descomplicada (CPAD), citamos os seguintes processos:

- Moisés (1491-1451 a.C.) Por meio de Moisés iniciou-se a “revelação autorizada”, isto é, a ordem divina para que a revelação verbal fosse escrita (Êx 17.14; 24.4,7; 34.27; Dt 33.2).

Moisés utilizou-se da revelação ativa e da tradição existente (oral e escrita) para compor o Pentateuco. Entretanto, observam-se inserções posteriores, que serviam como adendo explicativo ou informativo (Êx 11.3; 16.35; Dt 34.1-12).

- Josué (1433 a.C.) Josué inseriu “...no livro da Lei de Deus” o concerto firmado com o povo (Js 24.26).

- Samuel (905 a.C.) Samuel, sacerdote, profeta e também o último juiz de Israel escreveu e pôs seus escritos “perante o Senhor” (1 Sm 10.25). Isto sugere que seus escritos foram depositados na Arca do Concerto com os demais livros sagrados ali depositados (Êx 25.21; Hb 9.4).

Muitos outros exemplos poderiam ser obtidos a partir do testemunho das Escrituras, a saber:

a) Isaías (770 a.C.): Faz referência ao período de formação do Cânon (Is 29.18; 34.16);

b) Jeremias (626 a.C.): Registrou a revelação divina (Jr 30.1,2; 36.1,2,28,32; 45.1);

c) Zacarias (520 a.C.): Ratifica a autenticidade do Cânon sagrado (Zc 7.12);

d) Esdras (445 a.C.): Selecionou e preservou os rolos sagrados, determinando dessa forma, o Cânon do Antigo Testamento. A Esdras é atribuída a tríplice formação do Cânon Judaico (Tanach): Lei; Profetas; Escritos.

4.3 Fixação e Acolhimento do Cânon do Antigo Testamento

O Antigo Testamento foi acolhido como canônico na cidade de Jabneh (Jâmnia) em 90 a.D., tendo como figura destacada o rabino Yohanan Ben Zakkai, pertencente à escola de Hilel - um grupo dentro da seita dos fariseus. O trabalho do concílio foi apenas ratificar aquilo que já era aceito por todos os judeus através dos séculos.

5 Os limites do Cânon do Antigo Testamento

Antes da fixação e acolhimento do Cânon do Antigo Testamento pelo concílio de Jabneh, já por algum tempo, tinha-se reconhecido três divisões dentro das Escrituras Sagradas:

1º) - Lei; 2º) - Profetas; 3º) - Escritos (Lc 24.44).

Em hebraico chama-se TANACH. Isso ocorre porque as três consoantes hebraicas TN e CH, que compõem a abreviação da palavra, representam as três divisões das Escrituras: T de Torah - Pentateuco ou Cinco Livros de Moisés; N de Neviin – Profetas; CH de Chetubin ou K de ketubin – Escritos. Daí TNCH. A palavra é pronunciada, quando são acrescentadas vogais adequadas, como Tanach.



CÂNON JUDAICO DA TANACH

1 - Gênesis (Bereshith, “No princípio”)
2 - Êxodo (Shemoth, “Nomes”)
3 - Levítico (Wayiqra “E ele chamou”) LEI (TORÁ)
4 - Números (Bemidbar, “No deserto”)
5 - Deuteronômio (Devarim, “Palavras”)
6 - Josué (Yehoshua)
7 - Juízes (Shophetim) Primeiros Profetas
8 - 1 e 2 Samuel (Shemuel) (Nevi’im Rishonim)
9 - 1 e 2 Reis (Melakim)
10 - Isaías (Yeshayahu)
11 - Jeremias (Yeremiyahu)
12 - Ezequiel (Yehezkel)
13 - Os Doze (Tere Asar)
Oséias (Hoshea) Últimos Profetas
Joel (Yoel) (Nevi’im Aharonim)
Amós (Amos) PROFETA
Obadias (Ovadyah) (nevi’im)
Jonas (Yonah)
Miquéias (Micah)
Naum (Nahum)
Habacuque (Havakkuk)
Sofonias (Tsephanyah)
Ageu (Haggai)
Zacarias (Zekaryah)
Malaquias (Malaki)
14 - Salmos (Tehillim, "Louvores")
15 - Jó (Iyyov)
16 - Provérbios (Mishle, "Provérbios de")
17 - Rute (Ruth) ESCRITOS
18 - Cântico dos Cânticos (Shir Hashirim ) (KETHUVim)
19 - Eclesiastes (Qoheleth, "Pregador")
20 - Lamentações (Ekah, "Oh Como!")
21 - Ester (Esther)
22 - Daniel (Daniel)
23- Esdras-Neemias (Ezra-Nehemyah)
24 - 1 e 2 Crônicas (Drivre Hayamim, "Crônicas")




O CÂNON DO NOVO TESTAMENTO

Introdução

Como o Antigo Testamento, homens inspirados por Deus escreveram aos poucos os livros que compõem o Cânon do Novo Testamento[1]. Os livros do Novo Testamento foram aceitos pela igreja logo de início, sem objeções. Tais livros foram chamados de homologoumena, porque todos os pais da igreja se pronunciaram favoravelmente pela sua canonicidade. Os homologoumenas aparecem em quase todas as principais traduções e cânones da igreja primitiva.

Reconhecimento e Fixação do Cânon do Novo Testamento

A formação do Novo Testamento levou-se a efeito em apenas duas gerações, aproximadamente 100 anos. Em 100 d.C., todos os livros do Novo Testamento estavam escritos. O que demorou foi o reconhecimento canônico, motivado pelo cuidado e escrúpulo das igrejas de então, que exigiam provas concludentes da inspiração divina de cada um desses livros.



[1] Cf. O Cânon do Antigo Testamento - Inspiração 3.2



O Sínodo de Hipona (393 a.D.)

Segundo o erudito F.F. Bruce, o Sínodo de Hipona elaborou uma lista dos vinte e sete livros do Novo Testamento tal qual possuímos hoje, não conferindo-lhes qualquer autoridade que já não possuíssem, mas simplesmente registrando a canonicidade previamente estabelecida. Quatro anos depois, no III Sínodo de Cartago (397 a.D.) a decisão do Sínodo de Hipona sobre os vinte e sete livros do Novo Testamento foi repromulgada. Levou cerca de 400 anos para que o Cânon do Novo Testamento fosse finalizado, desde a sua composição até a sua fixação. Desde então não tem havido qualquer restrição séria aos 27 livros aceitos quer por católicos-romanos quer por protestantes.

NECESSIDADE DE DEFINIR O CÂNON DO NOVO TESTAMENTO

Três razões levaram a igreja a se pronunciar sobre os livros que deveriam ser aceitos como regra de fé e prática:

O Cânon de Marcião

Marcião, partindo da idéia de que Paulo foi o verdadeiro intérprete e pregoeiro do pensamento de Jesus, pretendeu chegar ao texto original da mensagem cristã, rejeitando integralmente os livros do Antigo Testamento. Aceitou as epístolas paulinas com exceção de 1 e 2 Timóteo, Tito, Gálatas e 2 Tessalonicenses. Rejeitou três evangelhos, aceitando somente o de Lucas. Marcião preparou e divulgou seu próprio cânon. A igreja, então, precisava contrabalançar essa influência, decidindo qual era o verdadeiro cânon das Escrituras Neotestamentárias.

O Uso de Livros Pseudepígrafos

Durante os séculos II e III, numerosos livros espúrios e heréticos surgiram e receberam o nome de pseudepígrafos, ou seja, falsos escritos. Eusébio chamava-os de livros “totalmente absurdos e ímpios”. O número exato desses livros é difícil de apurar. Por volta do século XIX, Fótio havia relacionado cerca de 280 obras. Muitas igrejas orientais, entretanto, estavam empregando nos cultos livros que eram claramente espúrios. Isso requeria uma decisão concernente ao cânon. O Cânon Muratoriano apresenta quatro séries de livros:

1º - Livros que são considerados sagrados por todos e devem ser lidos publicamente na igreja: os quatro evangelhos, os Atos, as 13 epístolas de Paulo, o Apocalipse, Judas, as duas epístolas de João e as duas epístolas de Pedro;

2º - Livros que não são considerados sagrados por todos e que, portanto, nem todos lêem publicamente na igreja: desse grupo faz parte o Apocalipse de Pedro;

3º - Livros que podem ser lidos privadamente, mas que não é lícito lê-los publicamente na igreja: Pastor de Hermas e o livro da Sabedoria;

4º - Livros que não podem ser recebidos pela Igreja porque são apócrifos e escritos por hereges: desse grupo fazem parte a epístola de Paulo aos Laodicenses e aos Alexandrinos, e muitos outros[1].

O Edito de Diocleciano (303 a.D.)

O imperador Diocleciano, ao perseguir a igreja, determinou a destruição dos livros sagrados dos cristãos. Se uma pessoa possuísse um único livro religioso, poderia ser levada ao martírio. Era necessário determinar quais seriam os livros inspirados por Deus.

Quem desejava morrer por um simples livro religioso? Eles precisavam saber quais eram os verdadeiros livros.

VISITE O BLOG DO AUTOR

www.teologiaegraca.blogspot.com

Nenhum comentário:

Quem sou eu