Cerca de 60 pessoas foram presas nesta terça-feira enquanto dezenas de jovens jogavam pedras em guardas de fronteira israelense no campo de refugiados de Shoafat e nas colônias judaicas de Isawiyah, Abu Dis e Wadi Joz.
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Os atos de violência ocorreram um dia depois de a milícia islâmica Hamas declarar esta terça-feira oficialmente como "Dia da Fúria", o que levou a confrontos entre palestinos e forças de segurança israelenses com mais de 100 feridos em Jerusalém Oriental.
AFP |
Guardas de fronteira prendem palestino em campo de refugiado |
Segundo o jornal israelense Haaretz, a violência, que inicialmente se restringiu ao setor árabe da cidade, também se manifestou em outras partes do país.
Palestinos em Jaffa, cidade na região central de Israel, arremessaram pedras contra dois ônibus públicos, quebrando a janela traseira de um deles. Pedras também foram jogadas contra um caminhão perto do kibbutz Mishmar Hanegev, no sul, e contra dois veículos na colônia de Abu Dor, em Jerusalém. Não houve vítimas em nenhum dos incidentes.
Previamente, dezenas de palestinos entraram em confronto com a polícia israelense em vários pontos de Jerusalém Oriental, entre eles o campo de refugiados de Shoafat e os arredores da Mesquita de al-Aqsa, em resposta ao chamado do Hamas para protestar contra a reabertura de uma sinagoga na segunda-feira e construção de novos assentamentos judaicos na região.
Na semana passada, durante a visita do vice-presidente americano, Joe Biden, o governo israelense anunciou a construção de 1.600 novas casas em Jerusalém Oriental.
AP |
Visão geral da sinagoga de Hurva |
Membros do Hamas e do partido laico Fatah disseram que o trabalho de restauração da antiga sinagoga de Hurva, no quarteirão judaico da murada Cidade Velha de Jerusalém, punha em risco a Mesquita de Al-Aqsa, localizada a 400 metros de distância. A Mesquita de al-Aqsa é o terceiro lugar mais sagrado do Islã.
"Conclamamos a população palestina a considerar a terça-feira como dia da fúria contra os procedimentos de ocupação de Israel em Jerusalém contra a Mesquita de Al-Aqsa", disse o Hamas.
Israel negou a acusação, mas árabes do Parlamento de Israel advertiram que a política israelense poderia levar à Terceira Intifada (revolta palestina). "As políticas do governo do primeiro-ministro Benyamin Netanyahu são nada além de limpeza étnica e um incitamento à Terceira Intifada", afirmou Hanin Zuabi, um membro árabe do Knesset (Parlamento israelense).
O governo israelense mobilizou 3 mil agentes para reforçar a segurança na parte predominantemente árabe da cidade, onde os palestinos querem fundar a capital de seu Estado independente.
Os palestinos arremessaram pedras contra a polícia e queimaram pneus e latas de lixo em várias áreas de Jerusalém Oriental, que Israel anexou juntamento com o restante da Cisjordânia durante a Guerra dos Seis Dias, em 1967.
AFP |
Palestinos jogam pedras em policiais israelenses |
Nove oficiais israelenses ficaram feridos durante o dia: oito por pedras arremessadas e um por um tiro disparado contra sua mão por um manifestante que abriu fogo em sua direção.
A polícia respondeu à violência com gás lacrimogêneo e disparos de bala de borracha, disseram testemunhas. Pelo menos 91 palestinos ficaram feridos, segundo a organização Crescente Vermelha.
O comissário de polícia David Cohen vasculhou a Cidade Velha de Jerusalém durante os confrontos e disse não acreditar que a atual violência acabe se transformando na Terceira Intifada.
Crise com EUA
A visita de Biden ao Oriente Médio tinha o objetivo de reiniciar as negociações de paz entre israelenses e palestinos, mas o anúncio sobre os novos assentamentos impediu qualquer progresso nas conversas e ainda provocou a pior crise diplomática entre os Estados Unidos e Israel nos últimos 35 anos.
O governo americano adiou o encontro de seu enviado especial para a região, George Mitchell, com o presidente de Israel, Shimon Peres, nesta terça-feira, à espera das respostas para uma série de demandas feitas na sexta-feira passada, entre elas o fim das construções.
AP |
Policial israelense lança gás em palestinos |
Lula no Oriente Médio
Em meio ao clima de tensão, nesta terça-feira o presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitou o Museu do Holocausto, em Jerusalém, em seu último dia em Israel durante a viagem ao Oriente Médio.
Depois da visita ao museu, o presidente brasileiro participou de um plantio de uma árvore no Bosque de Jerusalém e dirigiu-se a Belém, na Cisjordânia, onde criticou o bloqueio de Israel contra os palestinos.
Com BBC e EFE
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