sábado, 20 de setembro de 2008

Lição 12 - Resistindo aos Apelos do Mundanismo




Leitura Bíblica em ClasseJoão 17:11 a 18



Introdução:
I. Uma cultura marcada pelo mundanismo
II. O mundanismo na sociedade
III. "Não ameis o mundo"
IV. "Não vos conformeis com este mundo"
Conclusão.



Título deste subsídio: Os males do mundanismo
Autor: Esdras Costa Bentho, autor dos livros Hermenêutica Fácil e Descomplicada (CPAD) e Família no Antigo Testamento: história e sociologia (CPAD).



Palavras-chaves: : Mundanismo; Sistema; Pós-modernidade
Introdução



A atuação maligna na pós-modernidade diferencia-se da forma violenta como os cristãos do período greco-romano foram perseguidos ou da inquisição atroz. As estratégias estão mais sutis, difíceis de serem detectadas e não pretendem aniquilar o Cristianismo, mas impedir o seu avanço, atenuar a sua mensagem, e enfraquecer a identidade cristã.


A mentira está disfarçada de verdade; a verdade está sob suspeita. Os valores morais e bíblicos perdem espaço para a moralidade hedonista e egocêntrica. Não se trata de mera ação humana, mas de nova roupagem para velhos pecados sob a batuta da antiga serpente.


A lição desta semana tem como tema: Resistindo aos apelos do mundanismo. Nos quatro tópicos desenvolvidos pelo comentarista, os argumentos procuram provar a tese principal: o sistema mundano está organizado e rebelado contra Deus.


I- Definição de Termos
A fim de compreendermos a presente lição julgo necessário deslindar o sentido de dois vocábulos principais: sistema e mundanismo.


a) Sistema. O termo procede do grego systēma, do qual origina-se o sentido de “conjunto”, “constituição”, “organizado”, “conjunto organizado de”. O vocábulo é usado em diversas acepções a fim de esclarecer e nomear um conjunto de operações organizadas e interdependentes.



Na fisiologia, por exemplo, a palavra é aplicada para designar o conjunto de operações responsáveis pela execução de diversas funções do organismo: “sistema nervoso central e periférico”, “sistema motor”, “sistema endócrino”, etc.



Uma vez definido o termo em seu matiz secular, resta-nos entender-lhe em seu aspecto religioso. Por “sistema mundano” se quer nomear um conjunto de operações sociais que são organizadas estrategicamente a fim de se oporem às leis morais absolutas de Deus.



Segundo as Sagradas Escrituras todo o sistema mundano está no Maligno (1 Jo 5.19) e o deus deste século, o Diabo, cegou o entendimento dos incrédulos para que não lhes resplandeça a luz do evangelho (2 Co 4.4). Contudo, as estratégias malignas têm se modificado de tempos em tempos e, especificamente no período pós-moderno, estão atreladas aos sistemas políticos, sociais, filosóficos e lingüísticos.



Leis morais absolutas: São normas morais, fundamentadas na ética teonômica ou bíblica, válidas para todas as pessoas em todas as épocas.



b) Mundanismo. O vocábulo procede do latim mundu que por sua vez reflete o sentido de kosmos no grego. Este último, como afirmamos na obra Hermenêutica Fácil e Descomplicada (p.155-9), aparece com diversas acepções no texto neotestamentário, e somente o contexto imediato delimita o significado específico. O termo kosmos, em sentido elástico, designa “ordem”, “beleza” “mundo”, “humanidade”, “terra habitada”. Mas o uso regular nas Escrituras cristãs em João 7.7; 15.18; 15.19; 1 Coríntios 2.12; Efésios 2.2; Filipenses 2.15; Tiago 4.4 e 1 João 2.15-18, designam um sistema organizado e rebelado contra Deus. Este sistema, mundo-ordem injusta é o mundo-humanidade alienado de Deus pela rejeição às leis do Reino e do Messias Encarnado (Jo 8.7; 17.25). Nos escritos joaninos, o mundo-ordem injusta, possui seus próprios valores, sistemas e governo (Jo 8.44; 12.31; 14. 30; 16.11).



O kosmos é governado por leis uniformes, universais e inflexíveis. Deste conceito, extrai-se o sentido de “sistema” oposto ao caos (kháos), isto é, a desordem e flexibilidade.



MANIFESTAÇÕES MUNDANAS NA SOCIEDADE
MUNDANISMO
MANIFESTAÇÕES
REFERÊNCIAS
Na Política



Corrupção, Legalização de Leis Anticristãs
Dn 3.10-12; 6.1-9; Et 3-6.
Na Religião
Sincretismo, Pluralismo Religioso; Angelolatria
Jz 2.11-14; 1 Rs 11.6-9; Cl 2.18
Na Mídia (TV)
Ridicularização da Fé Cristã; Adultérios; Homossexualidade; A Estética acima do ser
2 Tm 3.2-8;1 Tm 4.7-8; 1 Pe 3.1-6;
Na Ciência
Materialismo, Evolucionismo
1 Tm 6.20; 2 Tm 3.8; Is 40.10
Na Filosofia
Existencialismo, Humanismo, Pós-modernismo, Materialismo
2 Tm 4.3-4; Cl 2.8
Na Ética
Relativismo, Pluralismo Sexual; Hedonismo.
1 Tm 3.4; Jz 21.25; Rm 1.26-32.



Ao considerarmos as possíveis definições da palavra mundanismo, julgo necessário considerar uma outra acepção do termo com base em duas outras perícopes bíblicas: Marcos 4.19 e 2 Timóteo 4.10. Na parábola do Semeador, a semente que cai entre espinhos representa aqueles que foram seduzidos pelos “cuidados deste mundo” (Mc 4.19). A expressão hai merimnai tou aiōnos, traduzido por “os cuidados deste mundo”, literalmente significa “as preocupações do século”. Na segunda epístola de Paulo a Timóteo, o apóstolo se queixa de que Demas, “tendo amado o presente século”, o abandonou (4.10).


De acordo com as duas últimas referências podemos definir mundanismo como amor e ocupação exacerbados com tudo aquilo que é terreno ou material. Esta definição não é muito distinta da oferecida pelo dicionário Aurélio que explica o termo nos seguintes tons: hábito ou sistema daqueles que só procuram gozos materiais. No entanto, o sentido pretendido por Lições Bíblicas avança ao proposto pelas duas definições anteriores, corroborando com o conceito joanino de “sistema organizado e rebelado contra Deus”.


II- Sistemas, Teorias e Ideologias Mundanas
SECULARES
CONCEITOS


Ateísmo
O termo “ateu”, procede do grego (prefixo negativo “a” e do substantivo “theos”) e significa literalmente “não-deus”. O ateísmo é a corrente de pensamento humano que nega a existência de Deus. Como sistema filosófico o ateísmo divide-se em:



a) Metafísico – Afirma que nunca houve, não há e nem haverá um Deus pessoal.
b) Mitológico – Segundo o ateísmo mitológico, Deus não é pessoal, mas um modelo mítico pelo qual as pessoas ignorantes vivem a fim de explicar as causas fenomenais, ou os elementos naturais e científicos.



c) Semântico – Acredita que não há qualquer razão para se discutir o significado do termo, pois qualquer divagação levará a constatação da não-existência de Deus.
Principais ateus e correntes: Marx (ateus marxistas), Sartre (ateus existencialistas).
Cf. Gn 1.1; 6.6; Dt 6.4; Sl 116.1,2; Is 45.5,18; Jo 17.3; Ap 3.10; 1 Tm 1.17; Jd 25.

Deísmo
O deísmo é uma corrente filosófica e religiosa que embora creia na existência de Deus, nega a imanência e a intervenção divina na história humana. Atribui-se a criação do deísmo ao inglês Herbert de Cherbury (1583-1648). Cherbury acreditava que o pecado é maligno; no dever do homem em adorar a Deus e andar piedosamente. Todavia, o deísmo assumiu novas roupagens e, entre eles, estavam os pioneiros do liberalismo teológico ou da crítica radical da Bíblia. Entre as divisões deístas encontramos:



a) Autonomia da criação: Deus criou o mundo, mas não o governa.
b) Autonomia moral: Deus se interessa com a história, mas não com as ações morais da humanidade.
Cf. Sl 24.1; 27.13; 33.14; 34.16; 42.2; 46.8; 48.10; 50.4; 58.11.


Evolucionismo
O evolucionismo, como o conhecemos atualmente, foi concebida pelo naturalista inglês Charles Darwin (1809-1882). A teoria evolucionista tem como fundamento o ensino de que o homem e o animal procedem de um mesmo tronco, pois ambos são partes de um processo de mutações milenares. Na concepção darwiniana, a origem do homem não foi um ato divino, mas um processo de adaptação dos seres vivos ao ambiente natural radicalmente modificado durante milhões de anos. Esta ambientação, dos seres vivos às novas condições terrenas, foi realizada mediante a seleção natural em que os mais fortes e capazes sobreviviam em detrimento aos mais fracos. Há dois tipos de Evolucionismo:



a) Ateísta ou Naturalista: O evolucionismo ateísta não crê na existência de Deus-Criador, mas afirma que toda a vida no mundo veio à existência por um processo natural, à parte de qualquer ato divino. A origem da vida não é divina, mas por geração espontânea.
b) Teísta: O evolucionismo teísta crê na existência de Deus e na origem divina da vida, mas discorda quanto ao processo, pois segundo pensam, ocorreu à parte de Deus. Deus criou o princípio originador, mas não tomou parte no processo.
Cf. Gn 1.1; 2.3,4; 5.1,2; 6.7; Dt 4.32; Sl 89.11, 12; Sl 104.30; Am 4.13; Rm 1.20.

Hedonismo
O termo hedonismo procede do grego hēdonē, isto é, “prazer”, e do sufixo “ismo” que denota sistema ou doutrina. O hedonismo é a corrente filosófica que considera o prazer individual e imediato, o único bem possível, princípio e fim da vida moral.
É possível identificar os seguintes tipos de hedonismo:
a) Epicurístas: Afirmam que tudo o que traz prazer é certo, e aquilo que traz a dor é errado;
b) Utilitaristas: Ensinam que o alvo da existência humana é o maior benefício e prazer, para o maior número de pessoas, pelo tempo mais longo possível.
c) Hedonismo ético egoísta: Considera que os homens agem movidos por interesses pessoais, de acordo com os seus prazeres.
Cf. Gn 4.7; Sl 112.10; Gl 5.16; Cl 3.5; Tg 1.15; 1 Jo 2.16,17.

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